Victor Sousa – 26/04/2019
O Jazz é um estilo musical e uma expressão artística que surgiu nos Estados Unidos, entre o final do século XIX e início do século XX. Uma manifestação musical que se originou principalmente de um legado religioso afro-americano, que influenciou diretamente na cultura do país. Obviamente, o sucesso chegou a Belo Horizonte, e vamos contar um pouco sobre a história do Jazz e sua relação com a musica mineira.
O início do jazz
O jazz é um encontro de ritmos e tradições. Com a manifestação musical dos africanos e a influência da música europeia, foram surgindo alguns estilos musicais que deram origem ao jazz: o ragtime, blues e spirituals. O Spiritual era uma música de manifestação essencialmente religiosa, de natureza sobretudo vocal que se perpetuavam oralmente. O Jazz então foi formado pela junção de diversos elementos do Ragtime, Spiritual e Blues.
A popularização do Jazz em Belo Horizonte
Antes de chegarmos a BH, temos que analisar o Jazz historicamente. Com o passar do tempo a popularização do Jazz foi inevitável, a partir do início do século XX surgiam as primeiras bandas que tinham uma formação composta de trombone, contrabaixo, piano, corneta, clarineta. Uma banda em particular foi a responsável por propagar a nomenclatura “jazz” e tornar o estilo mais conhecido, essa banda era a “Original Dixieland Jass Band”.
Um dos grandes motivos para a popularização do jazz foi quando os americanos passaram a se interessar por shows, teatro e cinema. Isso aconteceu logo após a Primeira Guerra Mundial. Nesse cenário, ouve uma forte emigração das partes baixas para grandes cidades, como Nova Iorque e isso difundiu o Jazz mais do que nunca.
Nos últimos anos a capital mineira tem realizado inúmeros festivais de jazz em praças, bares e nas grandes casas de espetáculos, com um alto nível de aceitação. Isso comprova que os belo-horizontinos apreciam a sonoridade e o ritmo sincopados da música moderna originada da cultura negra norte-americana.
O jazz foi originalmente uma mistura de influências da África e da Europa. Os escravos africanos levados aos Estados Unidos, colônia inglesa, desenvolveram uma síntese cultural com as tradições musicais locais. Na África, a qualidade da música era mais funcional do que artística. Rituais de fertilidade, de religião e de trabalho envolviam a expressão musical. Nos ingredientes fundamentais do jazz, os africanos contribuíram com:
“A maioria das manifestações jazzísticas dessas épocas ocorria ao vivo e tinha um propósito dançante. O choro era o único gênero musical nacional às vezes encaixado no repertório. Mesmo assim, de uma maneira, digamos, um tanto quadrada”, diz o pesquisador Zuza Homem de Mello, autor de Música nas Veias (Editora 34) e Eis Aqui os Bossa-Nova (Martins Fontes).
No jazz, os músicos tocam e se tocam. Amilton Godoy, um dos grandes nomes do Jazz brasileiro, diz ter sido influenciado por George Shearing, pianista inglês radicado nos Estados Unidos (e cego), Oscar Peterson, Thelonius Monk, Lennie Tristano, Bill Evans, McCoy Tyner e Chick Corea. “O disco Is (1969), do Chick Corea, me deixou paralisado”, lembra. “Nos anos 1950 não havia pianistas de ‘jazz brasileiro’. Mas o Moacyr Peixoto e o Dick Farney eram referências importantes. Moacyr era pianista do Brazilian Jazz Quartet, que tinha ainda o Casé (sax alto), o Rubinho Barsotti (bateria) e o Luiz Chaves (contrabaixo).”
Formação musical e jazzística nos bares da vida
BH também se alimenta desse universo artístico com músicos renomados. Alguns exemplos são Toninho Horta, ícone da guitarra jazzística internacional; Chico Amaral, compositor e saxofonista; Juarez Moreira e Celso Moreira, violonistas; Beto Lopes, instrumentista e compositor – muito conhecido por suas parcerias com a Banda Skank – e o baixista e pianista Enéias Xavier. O time de grandes músicos revela a força do Jazz em Belo Horizonte e em Minas Gerais.
Em Belo Horizonte o Instituto Maestro João Horta, por meio de seu fundador, o guitarrista e compositor Toninho Horta, tomou a iniciativa de promover o evento do Dia Internacional do Jazz para colocar a capital mineira entre as mais de 200 cidades ao redor do mundo que comemoram a data.
A primeira edição do Festival aconteceu no dia 30 de abril de 2017 e foi realizada com o apoio da Prefeitura de Belo Horizonte, na Praça da Savassi – região centro-sul de BH. Como não havia patrocínio, vários músicos se dispuseram a tocar gratuitamente, apostando na ideia e entendendo a importância de se promover um evento que tem proporções mundiais. O objetivo era fortalecer a cena do Jazz em Belo Horizonte.
A segunda edição foi realizada no Bar do Museu Clube da Esquina e teve um diferencial, uma “mesa redonda” na qual se discutiu a importância do Jazz e as principais ações já realizadas na cidade para a valorização da música instrumental. Após o debate os músicos presentes promoveram uma grande Jam Session, que ficou na memória de todos que vivenciaram aquela data marcante na capital mineira.
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