Roteiros Turísticos

Clube da Esquina I – por Murilo Antunes (parte II)

Se a gente pegar particularmente Minas Gerais, ela existe antes e depois do Clube da Esquina, o marco definidor é o Clube da Esquina. Antes você tinha pessoas que batalhavam muito na música, na música da noite, o Pacífico Mascarenhas, a pré-bossa nova, algumas expressões da música que é claro que existiam, marchas, sambas e Gervásio Horta. Existia um movimento insípido, porque o mercado fonográfico era insípido. Então, a expressão principal da música de Minas é o Cube da Esquina, acho que ninguém tem dúvida sobre isso.

A gravação do “Clube da Esquina 2” foi assim: o Milton conheceu a música “Nascente” através do disco do Beto, “Página do relâmpago elétrico”, e se apaixonou. Lembro que encontrei o Beto num botequim aqui em Belo Horizonte e ele me contou: “O Bituca está gravando lá, você está sabendo?” “Eu não, ué!” Não cheguei a ir à gravação, já vi pronto. Foi muito emocionante ouvir minha música gravada no disco. Já tinha sido, com a gravação do Beto. E teve uma curiosidade. Os papéis dos músicos estavam todos invertidos nessa gravação do Beto, ou seja: Novelli, que é um baixista, tocou piano, o Beto Guedes, que é basicamente guitarrista e baixista, tocou bateria, o Toninho Horta tocou contrabaixo.

Trocaram de papel ali naquela canção, assim como eles faziam de vez em quando no “Clube I”. No “Clube 2” foi essa ampliação de coisas, várias pessoas acopladas, a Joyce, Maurício Maestro, várias outras pessoas foram aumentando os associados desse clube. E a partir daí, também, a gente começou a compor muito mais junto. Os meus parceiros são daí, o Flávio Venturini, o Tavinho Moura, o Beto Guedes, o Lô Borges, o pessoal do 14 Bis, o Nivaldo Ornelas, com quem tenho algumas músicas interessantes e inéditas.

O Flávio Venturini é o cara com quem eu tenho mais músicas. Ele tem um lugar muito especial na minha vida. É uma pessoa que sempre confiou na minha poesia. Ele não questiona, é uma coisa incrível. Tem os parceiros que são invocados, são exigentes, o que é bacana pra nós. Esse negócio de ficar fazendo uma coisa mais ou menos não adianta. O Flávio também é muito exigente, só que primeiro ele dá o voto de confiança total. Ele compõe aquelas coisas magníficas e o que eu fiz ele topou. Até hoje não teve uma música que ele não tivesse topado a letra. Ele faz uma música celestial, divina. É uma pessoa muito pura de intenções, muito livre de coisa ruim. Convivendo com ele, passa isso pra gente. Quando eu vou fazer uma letra pra uma música que é tão doce, ele me faz entrar naquele barato, ele me ajuda a não ir para os territórios do mal.
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Murilo Antunes Fernandes de Oliveira nasceu em Pedra Azul, nordeste de Minas Gerais, no dia 25 de junho de 1950. Seu pai, Joel Fernandes de Oliveira, foi tropeiro na juventude e depois trabalhou no Banco do Brasil. Sua mãe, Ester Heloisa Antunes de Oliveira, era dona de casa.